quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dinkys Toys bem antigos

PAULO CESAR IORIO LACERDA é carioca da Tijuca. Possui essa coleção incrível de Dinkys Toys antigos. Todas as minis bem brincadas mas originais. Alguns dêles nem identificação na base tem. Perguntei ao Paulo o motivo de algumas minis serem em duplicata......
-Quando criança, eu sofria muito com problemas de garganta. As amídalas me causaram grande transtorno durante toda minha infância e só fui operá-las já na puberdade. Eram cerca de 20 dias de cama, com garganta inflamada com pus e muita febre, para 10 dias de saúde, em média. Bastava tomar um copo de guaraná, sem muito gelo, em uma festinha de aniversário e a garganta logo se manifestava. Houve uma época em que fazia três “embrocações” por dia, uma com nitrato de prata, outra com azul de metileno e a terceira com iodo. Esse suplício era aplicado diariamente, por uma enfermeira do Hospital Evangélico, situado na Rua Bom Pastor.  A rua em que eu morava ficava defronte para o Hospital. Era muito doloroso para mim e creio que para meus pais trazia também grande sofrimento.

Com este quadro meus pais, além de todos os cuidados normais que me dispensavam durante os períodos de enfermidade, tinham cuidados extras em procurar me manter animado e interessado nas coisas, nesses períodos mais brabos. Nessas tentativas meu pai muitas vezes chegava do trabalho com caixa de balas “Ruth” (que foi a primeira) e posteriormente de balas “Seleções”. Eram balas vendidas nas “vendinhas” às unidades. Meu pai comprava no depósito de doces, caixas com 50 unidades das respectivas balas. Essas balas traziam, junto com a embalagem, figurinhas colecionáveis a serem coladas em álbuns. Os álbuns eram trocados por  “X” embalagens das referidas balas. As balas “Ruth” versavam sobre as maravilhas do mundo, descobertas científicas, grandes inventores, etc... e as  balas “Seleções” se dedicavam mais aos animais, mostrando raças de cães, de gatos, espécies de borboletas, de pássaros, etc... Com isto, creio que foi me despertando o sentido e o gosto de “COLECIONAR”. Após a conclusão dos álbuns comecei a ganhar as miniaturas Dinky.

Nessa época, creio que devia já estar com 5 ou 6 anos. Essa idade corresponderia aos anos de 1949/1950. Fui ganhando aos poucos. Um dia uma, dias depois outra e assim foi indo. Assim fui colecionando também os carrinhos. Estes presentes foram ficando costumeiros e freqüentes. Até porque me despertou grande entusiasmo e interesse, naquela época. Os objetivos de meus pais pareciam que estavam sendo alcançados, creio.
As miniaturas foram adquiridas aqui no Rio de Janeiro. Meu pai não tinha possibilidades de adquiri-las de fora. A vida era difícil para ele naquela época. Bem mais tarde me chegou ao conhecimento que ele teria tido uma infância com muitas privações e dificuldades.  Ao que eu me lembre, creio que essas miniaturas foram adquiridas em uma loja de brinquedos situada no Largo de São Francisco. Esta loja era especializada em trens elétricos, se não me engano,  e vendia muitos produtos da “Meccano” (inglesa). 

A propósito, a Meccano tinha também um brinquedo "Engenheiro Mecânico" (creio ser esse o nome ou algo parecido). Constava de peças de metal (verdes e vermelhas), de diferentes tipos e tamanhos, todas furadas nas laterais para propiciar a junção entre si (com aplicação de pequens parafusos) na construção de objetos.
Existia também uma loja alemã, situada na Avenida Rio Branco esquina de Sete de Setembro (sentido Praça XV). Esta loja era um verdadeiro paraíso para as crianças. Tinha mil e uma novidades em brinquedos estrangeiros extraordinários para a época. Lembro-me de um carrinho de corda Schuco, alemão, feioso e meio pesado, que andava no tampo de uma mesa, chegava à beirada e retornava.  Não caia no chão.

Com relação aos dois exemplares de cada modelo, em cores sempre diferentes, eu não tenho a menor idéia de qual poderia ter sido o motivo.
A psicologia hoje talvez afirme s.m.j. que  “...ao adquirir dois exemplares iguais e de cores diferentes ele estaria, com uma unidade presenteando um ente querido (seu filho) e a outra unidade estaria cobrindo uma carência latente, do tempo de infância, (do próprio)...”     Quem saberá?

Como te relatei em nosso último encontro, eu brinquei muito com essas miniaturas da Dinky. Elas eram por mim conhecidas como "carrinhos pesados". Eram meu brinquedo predileto quando criança. Me casei e sempre mantive guardados com carinho os queridos carrinhos. Tivemos três filhas e as duas mais velhas também brincaram muito com eles, e como gostavam. Eu sempre as alertava: "podem brincar a vontade mas tomem cuidado para não quebrar".  Eles resistiram bem. Estão um pouco descascados por terem sido muito brincados.

Creio que essa passagem de minha infância tenha influenciado em muito o meu espírito de "Colecionador" de hoje. Dentre os objetos colecionáveis estão:  Miniaturas de Automóveis na escala 1:43, Selos, Moedas e Cédulas.

Paulo Cesar Iorio Lacerda
Rio de Janeiro

Um comentário:

  1. O mais legal foi a história da coleção, muito bacana. Pena que praticamente nada sobreviveu à minha infância... só as lembranças, por enquanto...

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